Nos últimos anos muito se tem falado de funcionalismo público.
Desde os famosos aumentos do governo Sócrates em 2009 até ao programa de
rescisões lançado pelo actual governo nunca esta força de trabalho tinha sido
tão badalada.
O crescente desprestígio das carreiras nos organismos do Estado é
um caso interessante de análise. Não há muito tempo, um professor, por exemplo,
era um figura prestigiada, respeitada e ouvida na nossa sociedade.
Hoje a carreira na função pública está descredibilizada seja pelo mau
serviço prestado, seja pela sensação de que esta era uma via para se atingir
benesses não alcançáveis no sector privado. O grande peso dos sindicatos e suas
“jornadas de luta” podem ter desencadeado fenómenos de rejeição por parte
daqueles tantos que sofrem as consequências dessas acções. O ataque a esta
classe tem sido cerrado e, como em tudo, muito do que se diz é justo mas outro
tanto nem por isso.
Como em tudo, no sector público há gente que até devia pagar para lá estar
ao invés de receber um salário. No entanto, é de toda a justiça reconhecer que
uma parte significativa é trabalhadora, dedicada, interessada e competente.
Há, também, a tendência de se confundir o funcionalismo público com os
lugares de “pessoal político”, nada mais injusto, na minha opinião.
Estas linhas todas servem para partilhar uma pergunta que me tem passado
pela cabeça: “com tanto ataque, desprestígio, desvalorização, desconsideração
pela carreira, seria de esperar uma adesão massiva ao programa de rescisões voluntárias
na função pública, ou não?”
Não haverá uma resposta única a esta pergunta mas uma imensidão de
situações diferentes com uma particularidade, se calhar: a estabilidade e
segurança são menores agora do que no passado mas continuam bastante maiores do
que no privado.
Até já!
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