![]() |
Foto retirada de www.cm-fafe.pt |
Ao contrário do que tem sido voz corrente nos últimos tempos, Fafe não tem
grande potencial turístico. Essa é, infelizmente, a nossa realidade.
Apesar disso há espaço para trabalharmos nessa área e fazermos coisas
interessantes. Não temos património edificado mas temos património natural. Não
temos grandes massas de água mas temos uma grande “teia” de percursos
pedestres. Não temos praias mas temos a gastronomia. Não temos clima tropical
mas temos tradições.
Nesta perspectiva e tendo em conta que quando falamos de turismo falamos de
experiências, a aposta de um destino como Fafe tem de ser na qualidade daquilo
que se oferece a quem nos visita. A começar na recepção e terminando na
despedida o tratamento ao turista tem de ser consentâneo com a hospitalidade
minhota: afável, educado, atencioso mas deixando ao “hóspede” a necessária
liberdade.
Depois precisamos de apresentar infra-estruturas de qualidade e serviços de
apoio adequados à qualidade que queremos oferecer. Serviços de saúde,
segurança, vias de comunicação, sinalização, informação turística devem
corresponder às expectativas dos agentes turísticos e do visitante. Assim o
visitante sentirá que a sua importância é reconhecida. Paralelamente, os
residentes sairão beneficiados pela atenção dedicada a esses pontos.
Outros serviços complementares, nomeadamente a restauração, devem aumentar
a qualidade da experiência. Este é um serviço que origina deslocações e poderá
ser um factor que influencia a decisão da viagem.
Os eventos são outro ingrediente de grande importância do nosso produto.
Sejam eles de carácter cultural, desportivo, etnográfico, religioso ou outro,
deve haver coerência na construção da agenda destes acontecimentos e maximizar
a oportunidade de termos forasteiros na nossa terra para lhes potenciarmos a experiência.
Importante mesmo é haver uma estratégia bem definida e procurar os
instrumentos para a perseguirmos. Aqui entra, com particular importância, o
sector público. Em estreita colaboração com os agentes privados, o município
deve traçar caminhos, ser agregador de vontades e intenções, não cedendo à
tentação de ser, ele próprio, um player
no mercado.
A função de coordenar, moderar e incentivar é de suma importância. Sendo
desempenhada por uma entidade sem interesse directo confere uma credibilidade
superior e aí a parte pública está a desempenhar o seu papel.
Noutro âmbito, cabe-lhe promover o aparecimento de formação adequada à estratégia
traçada dialogando com as instituições de ensino vocacionadas para a área dos
serviços incentivando a que a oferta se ajuste às necessidades.
Se houver esta conjugação de esforços entre todos acredito que o turismo
poderá ser uma boa muleta às actividades económicas do concelho. Estas, por sua
vez, também ajudarão o sector a crescer sustentadamente entrando num ciclo
virtuoso.
Assim sejamos todos capazes!
Até já!!!!
Nota: este texto foi publicado na revista Alfa nº 6
A realidade é sempre o melhor ponto de partida. Não desistas, Ricardo, nem que tenhas de fazer desenhos. "Eles" vão acabar por aprender.
ResponderEliminarParabéns pelo texto, que é uma excelente cartilha para princípio de conversa. Abraço.
Não posso desistir, Hernâni. Isto é o que faço todos os dias. Eu trabalho na área, estudei para isso, penso o turismo. Para desenho é que não tenho jeito nenhum :))))
ResponderEliminarFico contente por teres gostado do texto que reflecte uma visão, a minha, daquilo que podemos ter em Fafe.
Na mesma revista podem ser encontrados outros textos com belas ideias que complementam as que aqui expresso.
Um abraço