Avançar para o conteúdo principal

Emigração Portuguesa



Agosto é, por excelência, o mês em que as nossas terras se despejam dos residentes habituais e se enchem de população emigrante!

Quanto aos locais, desejo-lhes boas férias mas o que origina este texto é mesmo essa franja da população que chega de França, da Alemanha, do Luxemburgo, da Suiça, etc. Falo dos emigrantes veteranos porque os novos emigrantes, ultimamente muito citados, escolheram países diferentes para tentarem a sua sorte.

Os outros partiram com muito menos alarido, com menos qualificações, com menos conhecimentos da língua do país de acolhimento, deixando muito menos para trás. Tinham muito menos informação sobre o que os esperava, muito menos quem os ajudasse no destino e uma viagem feita por caminhos tortuosos.

Muitos foram mal recebidos e tiveram de lutar contra a vontade de regressar a casa. Uma casa que não tinha lugar para eles, que não lhes apresentava oportunidades, que os empurrou para fora daqui. No seu regresso anual para férias e visita a familiares e amigos, eram tratados com estranhos, como estrangeiros na sua própria terra. Culpa própria muitas vezes mas fruto de alguma inveja do sucesso do antigo vizinho.

Inegável é a sua influência na economia local, no urbanismo e na paisagem. Os pioneiros desses movimentos migratórios sempre tiveram em vista o regresso (algo que já não se passa tanto com as gerações seguintes) e foram preparando esse momento. Investindo, construindo, "pintando" a paisagem com a sua presença. Os negócios locais tinham um "pico" de actividade no mês de Agosto.

Hoje a realidade parece ser diferente. O regresso à terra não é mais do que uma hipótese vaga, os investimentos são feitos nos países de acolhimento, as férias não são mais do que uma ou duas semanas para visitar os familiares e amigos mais próximos e, talvez, uns dias na praia. As novas gerações estão de tal forma integradas nas sociedades receptoras que não se vislumbra qualquer movimento de regresso.

Resta saber o que nos reserva o futuro desta nova vaga de emigrantes do século XXI. A integração plena ou o regresso ao país natal? Ou Portugal muda profundamente ou perderemos uma nova geração de expatriados.

A todos desejo umas boas férias, um bom regresso e um ano cheio de sucesso porque o sucesso deles é, também, o nosso. Como nação.

Até já!!!!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A mal-amada Naturfafe

Começo por esclarecer: represento 13% do capital da Naturfafe, sou director desta cooperativa desde a sua fundação até aos dias de hoje, elaborei a sua definição estratégica, colaborei com outro director (da parte privada) numa proposta de reorganização dos recursos humanos e sempre estive comprometido com o seu objectivo e, por isso, dediquei muitas horas do meu tempo a esta instituição. Nada do que é dito acima me retira o espírito crítico (de auto-crítica, também) e continuo a sentir-me livre para emitir uma opinião desta vez até numa perspectiva diferente. Desta vez faço parte do sujeito que, desde o seu aparecimento, foi olhada com desconfiança e descrença. O que era uma boa ideia rapidamente passou a ser desvirtuada. Desde logo com a nomeação do seu administrador-delegado, António Teixeira Alves, figura que havia saído do executivo (onde tutelava a actividade) bastante fragilizado por declarações públicas do antigo presidente da câmara, José Ribeiro. O objecto apresenta...

O Associativismo

 Imagem retirada da internet                                                                 Sou, há não muito tempo, um entusiasta do movimento associativo.  Esse sentimento de partilha, de união, de altruísmo é-me, agora, muito caro. Aliado a esse entusiasmo, o facto de não entrar seja no que for só para fazer parte, leva-me a dedicar muitas horas da minha semana a ler, estudar, escrever acerca dos projectos em que me envolvo. Considero esta participação como uma forma de intervenção cívica, de pertença à comunidade, de aprendizagem em que busco realização pessoal e o enriquecimento emocional.  Claro está que há quem veja nessa minha vivência uma tentativa de promoção social, a busca por vantagens económicas, a tentativa de alcançar "palcos" para outros voos. Compreendo essa visão e aceito-a, com natu...

Parcídio vs Moncho

           VS Nos últimos dias, os media têm trazido a público um novo ataque dos IPF ao projecto Fafe Cidade das Artes, em geral, e a Moncho Rodriguez, em particular. Francamente, do que li e ouvi, não fui capaz de retirar uma razão objectiva para a oposição dos IPF e de Parcidio Summavielle. Tirando a parte do FCA ser um projecto pago pelo município. Criticas à valia do projecto, à sua dimensão artística, técnica ou pedagógica, não captei. Pela informação que tenho, instituições como a Coopfafe e o ACR de Fornelos, instituições dirigidas por vereadores deste movimento político, foram (ainda são?) receptoras de acções incluídas neste projecto artístico. E muito bem, em minha opinião. No entanto, a ser verdade que essa colaboração existiu, tenho alguma dificuldade em aceitar esta postura dos vereadores dos IPF e do seu líder (particularmente agressivo nas últimas intervenções). Claro que todos temos direito a elogiar ou criticar esta ou ...